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Casos clínicos

CASO CLÍNICO

Feminino, 56 anos, portadora de VKH em acompanhamento no Departamento de Uveítes. Em uso atual de prednisona 05mg e ciclosporina 100mg, mantendo bom controle nos últimos meses.

ACUIDADE VISUAL: AVCC 0,1/0,05

BIOMICROSCOPIA OE

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  • Sinéquias posteriores e membrana pupilar AO
  • PIO: 12 mmHg

1. Quando posso operar?

Sugestão de no mínimo 3 meses de inatividade da doença.

2. Devo usar corticoide prévio?

Iniciar corticoesteroides sistêmicos em doses imunossupressoras (aproximadamente de 1mg/kg) de sete a dez dias antes da cirurgia.

3. Implanto ou não a LIO?

O implante da LIO é um ponto controverso. Alguns especialistas em uveíte não recomenda o implante, enquanto outros sim. Em nossa experiência pessoal, estamos com aproximadamente 10 olhos de pacientes com Harada implantados com LIO.

Os estudos atuais mostram bons resultados com implante da LIO, desde que realizada em pacientes selecionados com uveíte bem controlada por no mínimo três meses. Mesmo em pacientes com artrite idiopática juvenil, que durante algum tempo foi considerada contra-indicação ao implante de LIO devido ao pior prognóstico, tem-se obtido bons resultados com uso rigoroso de corticoides e imunomoduladores no pré e pós-operatório.

A CIRURGIA

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A cirurgia transcorreu de forma adequada. Foi realizada uma incisão clear córnea de 2,75 mm. Em seguida, para dilatação da pupila, foi implantado expansor de íris – Canabrava’s Ring. A cápsula anterior apresentava uma fibrose, típica destes pacientes, o que inviabilizava a capsulorrexe contínua. Ela foi finalizada com tesoura de Vanna’s. Todos os passos cirúrgicos subsequentes (facoemulsificação, aspiração de massas e implante da LIO) transcorreram habitualmente. Na última imagem, podemos observar ainda o 4º DPO com córnea clara e LIO tópica.

DÚVIDAS NO PÓS-OPERATÓRIO

1. Como reduzo o corticoide e como controlo a inflamação?

A redução deve ser realizada lentamente, cerca de 0,01mg/kg/semana.

2. Deve me preocupar com a PIO e com as sinéquias posteriores?

- Sim! Este é um ponto de suma importância. Em nossa experiência, podemos observar que as sinéquias posteriores são frequentes, podendo causar íris em bombé. Portanto, deve acompanhar a PIO e na visualização de risco para seclusão pupilar de 360°, deve-se realizar a iridectomia a laser imediata.

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A seclusão pupilar ocorreu em nosso paciente, atingindo PIO de 40 mmHg. Imediatamente foi realizada a iridectomia e controlada a PIO para valores de 08 mmHg.

CONCLUSÃO DO CASO

Em primeiro lugar é suma importância que o Departamento de Catarata caminhe junto com o Departamento de Uveítes do serviço. Este deve ser um trabalho conjunto para a melhor resultado para o paciente. No momento da edição deste artigo, o paciente estava sob acompanhamento por seis meses. Ele evoluiu com uma AVCC em OE de 0,8 no 15° DPO, mas variou bastante, atingindo até AVCC de 0,1, que ocorreu no dia do pico de aumento da PIO. Na última revisão, encontrava-se sem sinais de atividade da doença, mas com AVCC de 0,4, ou seja, típica variação deste tipo de paciente.

AUTORES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1) Sen HN, Abreu FM, Louis TA, Sugar EA, Altaweel MM, Elner SG, Holbrook JT, Jabs DA, Kim RY, Kempen JH Results of cataract surgery in uveitis. Ophtalmology 2016; 123: 183-190.

2) Terrada C, Julian K, Cassoux N, Prieur AM, Debre M, Quartier P, LeHoang P, Bodaghi B Cataract surgery with primary intraocular lens implantation in children with uveitis: Long-term outcomes. J Cataract Refract Surg 2011; 37:1977–1983

3) Quinones K, Cervantes-Castaneda RA, Hynes AY, Daoud YJ, Foster CS Outcomes of cataract surgery in children with chronic uveitis. J Cataract Refract Surg 2009; 35:725–731

4) Ada´n A, Gris O, Pelegrin L, Torras J, Corretger X Explantation of intraocular lenses in children with juvenile idiopathic arthritis–associated uveitis. J Cataract Refract Surg 2009; 35:603–605

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